“O diálogo, entretanto, deve ser considerado não apenas
como uma conversação, mas sim como uma busca recíproca do saber” (PAULO
FREIRE).
A
pesquisa deve começar na educação infantil e não apenas quando o aluno ingressa
nos cursos de pós-graduação (mestrado ou doutorado). O professor também precisa
pesquisar para trabalhar com seus próprios textos e não somente com textos de
outros pensadores.
Rubens da Silva Castro é
Professor da Faculdade de Educação da UFAM.
Elizeu Moreira é
doutorando e professor do PARFOR
Existem duas concepções de fazer ou
produzir ciência, duas visões de mundo, de homem e de sociedade, duas
concepções epistemológicas: a Metafísica e a Dialética. A metafísica é acrítica
ou crítica reprodutivista porque está comprometida com a conservação e a
manutenção do status quo. Não adota a
crítica como categoria de análise, possibilitando o fortalecimento e a
manutenção da estrutura da sociedade divida em classes. Nesse sistema
epistemológico, o questionamento e as reivindicações são encaradas como
anomalias, badernas ou comportamento atrasado. A Dialética entende a sociedade
como um campo de contradições sociais. Auxilia numa análise lúcida de que a
Globalização é uma invenção dos organismos internacionais de cultura e de
financiamento, a serviço do G-7, para resolver a aguda crise do capitalismo. E
o que é a crise do capitalismo? Em uma determinada perspectiva é a não
realização plena da mercadoria, ou seja, os países do G-7 não conseguem vender
o que produzem. Em consequência, os Estados nacionais, considerados em vias de
desenvolvimento são levados a comprar seus computadores, televisores e outros
aparelhos eletrônicos, resolvendo a situação do desemprego no centro e
agravando, cada vez mais, a situação periférica. Professor agora não é mais o
senhor do seu trabalho. É manipulador de instrumentos didático-pedagógicos
construídos no Primeiro Mundo.
E como é a aula na perspectiva dialógica?
Nessa concepção, o sujeito é considerado como um elemento ativo e o
conhecimento como condicionado, socialmente, e como processo. Nega a
neutralidade das Ciências Sociais como colocada pelos positivistas. A
metodologia de ensino e a seleção de conteúdos oportunizam ao aluno o
entendimento da realidade em que vive e de ter consciência de sua posição na
sociedade, isto é, a possibilidade de recuperar a sua memória histórica. Para
que o aluno examine, criticamente, o papel da sociedade na sua formação, além
de conteúdos que coloquem questões do presente, das suas experiências vividas
contraditoriamente, que se manifestam em várias dimensões, é preciso que se
inicie esse aluno nos procedimentos da produção do conhecimento incentivando um
relacionamento ativo e crítico com o saber, e negando o conhecimento como
verdade absoluta e acabada.
Por outro lado, conseguir que o aluno
produza conhecimento, ou seja, faça uma reflexão sobre um objeto de estudo,
pressupõe um relacionamento professor/aluno diferente do positivista. Nesta
situação, o professor dá a palavra para o aluno que discute com base nos textos
lidos, nas observações, nas entrevistas, na reflexão de textos coletivos
produzidos pela turma e na experiência de vida. O aluno é ativo, não sendo o
professor que fala e que sabe; há a participação e o esforço do aluno para aprofundar
e incorporar conhecimentos novos, permitindo o desenvolvimento do real e da sua
própria situação histórica. Dessa maneira, a aula é desenvolvida através de um
“diálogo entre professor e alunos para estabelecer uma relação de intercâmbio
do conhecimento e experiências. O diálogo, entretanto, deve ser considerado não
apenas como uma conversação, mas sim como uma busca recíproca do saber” (PAULO
FREIRE).
A aula na concepção positivista enfatiza a
ordem, a integração, o consenso, excluindo as tensões e manifestação da vida
social que não concorram para a ordem e funcionalidade da sociedade. Concebe o
conhecimento como reflexo do objeto ou dos fatos sociais. Utiliza uma
metodologia baseada, unicamente, na aula expositiva onde os alunos são
receptáculos, passíveis ouvintes que deverão reproduzir o que foi transmitido.
Trata-se do que Paulo Freire intitulou de educação bancária. Os conteúdos
trabalhados na perspectiva positivista se referem, principalmente, a termos de
conciliação, consenso, cordialidade e não violência. As temáticas que deixam
aflorar a contradição, conflito, as tensões e violências tendem a ser
minimizadas ou eliminadas das matrizes curriculares propostas para a educação
básica. É como diz o Professor Pedro Demo ‘ A aula que apenas repassa
conhecimento, ou a escola que somente se define como socializadora do
conhecimento, não sai do ponto de partida, e, na prática, atrapalha o aluno
porque o deixa como objeto de ensino e instrução” Continuando, afirma o
referido pensador’ A aula copiada não constrói nada de distintivo, e por isso
não educa mais do que a fofoca, a conversa fiada dos vizinhos, o bate papo numa festa animada”
Em síntese, podemos dizer que a aula não
pode ser um expediente rotineiro. Ela deve ser utilizada para comunicar resultados
de uma pesquisa concluída ou em andamento. Não se aprende escutando. Só se
aprende pesquisando, estudando. A pesquisa deve começar na educação infantil e
não apenas quando o aluno ingressa nos cursos de pós-graduação (mestrado ou
doutorado). O professor também precisa pesquisar para trabalhar com seus
próprios textos e não somente com textos de outros pensadores. O docente tem
que ter café novo para servir. Ainda
para o professor Pedro Demo o ambiente universitário é o dá aula e da prova {....}
não descobrimos ainda que professor só pode dar aula daquilo que produz- se não
produz, não tem aula para dar.
Rubens da Silva Castro é
Professor da Faculdade de Educação da UFAM.
Elizeu Moreira é
doutorando e professor do PARFOR
Grato pela Referência...
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