E ao invés dos circos romanos, dos gladiadores lutando no
Coliseu, temos nossos estádios de futebol e seus times milionários.
Somente
com educação e cultura os brasileiros podem deixar de precisar de doações e
assim, se desligar desse vínculo com o “pão e circo”, pois estes são os meios
para reduzir a pobreza.
Por: Rubens Castro*
Na Roma antiga, a escravidão na zona rural fez com que
vários camponeses perdessem o emprego e migrassem. O crescimento urbano acabou
gerando problemas sociais e o imperador, com medo que a população se revoltasse
com a falta de emprego e exigisse melhores condições de vida, acabou criando a
política “panem et
circenses”, a política do pão e circo. Este método era muito
simples: todos os dias havia lutas de gladiadores nos estádios (o mais famoso
foi o Coliseu) e durante os eventos eram distribuídos alimentos (trigo, pão). O
objetivo era alcançado, já que ao mesmo tempo em que a população se distraia e
se alimentava também esquecia os problemas e não pensava em rebelar-se. Foram
feitas tantas festas para manter a população sob controle, que o calendário
romano chegou a ter 175 feriados por ano.
Esta situação ocorrida na Roma antiga é muito parecida
com o Brasil atual. Aqui o crescimento urbano gerou, gera e continuará gerando
problemas sociais. A quantidade de comunidades (também conhecidas como favelas)
cresce desenfreadamente e a condição de vida da maioria da população é difícil.
O nosso governo, tentando manter a população calma e evitar que as massas se
rebelem criou o “Bolsa Família”, entre outras bolsas, que engambela os
economicamente desfavorecidos e deixa todos que recebem o agrado muito felizes
e agradecidos. O motivo de dar dinheiro ao povo é o mesmo dos imperadores ao
darem pão aos romanos. Enquanto fazem maracutaias e pegam dinheiro público para
si, distraem a população com mensalidades gratuitas.
Estes programas sociais até fariam sentido se também
fossem realizados investimentos reais na saúde, educação e qualificação da
mão-de-obra, como cursos profissionalizantes e universidades gratuitas de
qualidade para os jovens. Aquela velha frase “não se dá o peixe, se ensina a
pescar” pode ser definida como princípio básico de desenvolvimento em qualquer
sociedade. E ao invés dos circos romanos, dos gladiadores lutando no Coliseu,
temos nossos estádios de futebol e seus times milionários. O brasileiro é
apaixonado por este esporte assim como os romanos iam em peso com suas melhores
roupas assistir as lutas nos seus estádios. O efeito político também é o mesmo
nas duas épocas: os problemas são esquecidos e só pensamos nos resultados das
partidas.
A saída desta dependência é a educação, e as escolas
existem em nosso país, mas há muito que melhorar. Os alunos deveriam sair do
Ensino Médio com uma profissão ou com condições e oportunidades de cursar o
nível superior gratuitamente, e assim garantir seu futuro e de seus
descendentes. Proporcionar educação de qualidade é um dever do estado, é nosso
direito, mas estamos acomodados e acostumados a ver estudantes de escolas
públicas sem oportunidades de avançar em seus estudos, e consideramos o nível superior
como algo para poucos e privilegiados (apenas 5% da população chega lá).
Precisamos mudar nossos conceitos e ver que nunca é tarde para exigirmos nossos
direitos.
Somente com educação e cultura os brasileiros podem
deixar de precisar de doações e assim, se desligar desse vínculo com o “pão e
circo”, pois estes são os meios para reduzir a pobreza. Precisamos de governos
que não se aproveitem das carências de seu povo para obter crescimento pessoal,
e sim que deseje crescer em conjunto.
*Rubens Castro é professor da Ufam.
Meu querido Rubens da Silva Castro. Parabéns pelo Blog! Gostaria de solicitar que você acrescentasse meu nome como co-autor que fui em todos os textos que publicamos juntos no Jornal do Commercio, os quais se encontram registrados no meu Currículo Lattes, e que se encontram nesse Blogo somente com o seu nome. Caso você não lembre quais textos fizemos juntos, basta acessar o meu Currículo Lattes pois lá constam todos os textos, mas se por acaso tenho todos os exemplares do Jornal do Commercio. Solicito essa ratificação porque usei alguns de nossos artigos em publicações científicas, as quais foram questionadas pelo Comite Científico das Revistas como sendo PLÁGIO, tendo em vista os motivos supracitados.
ResponderExcluirUm abraço fraterno
Prof. Dr. Elizeu Vieira Moreira