Em
síntese, podemos dizer que a televisão reflete o que interessa aos detentores
dos meios de produção, estejam eles no Estado ou na iniciativa privada. O
epíteto de “ópio do povo”, que Marx reservou à religião, poderá ser estendido
aos demais aparelhos ideológicos do Estado (família, igreja, escola etc.).
Por: Rubens Castro*
A televisão é, sem
dúvida, o meio de comunicação mais importante e mais abrangente da sociedade
atual. É considerada, por Louis Althusser, filosofo francês, como um dos
aparelhos ideológicos do Estado, uma vez que é esse um dos instrumentos de
comunicação que não só transmite a ideologia da classe que detém o poder
político e econômico, mas também resiste às mudanças e contribui para a
manutenção do status quo. O estudo desse veículo integra o conteúdo da
disciplina Sociologia e ocupa lugar de relevo, que pode ser explicado pela
influência, por ele exercido, acerca das transformações sociais, no sentido de
retardá-las, acelerá-las ou desviá-las. Entendemos que uma das funções da
televisão, se não é, deveria ser noticiar informações fidedignas e
esclarecedoras sobre questões de interesse público. Mas não é isso que
acontece. Ela atua em favor dos interesses políticos e econômicos, objetivando
manter e acentuar as diferenças, reduzindo a força e o hábito do pensamento crítico,
e concentrando-se nas questões triviais e sensacionalistas, que conduz as
pessoas a uma fuga da realidade social.
No entendimento de
Liana Deise Silva, a televisão exerce de forma particular violência simbólica:
através de notícias de variedades, de sensacionalismo, sexo, sangue, drama e o
crime, que fazem subir o índice de audiência. Ainda para a mesma autora, a
televisão trabalha com fatos que na visão do autor são os fatos que interessam
a todo mundo. Não causa polêmica, não envolve disputa, mas também não traz nada
de importante. Esses motivos não permitem: reflexão, crítica, até porque,
quando é colocado algo que tem algum ponto construtivo é cortado por assuntos
de variedades ou ainda mais banais.
Infelizmente, neste
País, a mídia está nas mãos de poucas pessoas. A concessão desses instrumentos
de comunicação é dada pelo governo somente para aquelas pessoas “confiáveis” e
que estejam dispostas a fazer o jogo do sistema. Nos países desenvolvidos, a
televisão é controlada pelo Estado, havendo uma distribuição equilibrada de
programas de alto nível cultural e outros de caráter mais popular, assumindo o
Estado as funções de “empresário” desse meio de comunicação, tornando-o útil à
cultura e à educação. Os amigos leitores hão de concordar com o autor deste artigo
que os programas exibidos pelas emissoras de televisão, com raras exceções (TV
Cultura), é uma afronta contra a moral da sociedade. São programas que não têm
nada de educativo. É, na realidade, um festival de asneiras. A programação dos canais
fechados também não contribui para elevar o nível cultural das massas.
Pesquisas revelam que as crianças brasileiras estão assistindo mais televisão
do que em outras nações desenvolvidas. Não temos dúvidas em afirmar que existe
um número expressivo de crianças que
passam mais tempo na frente da TV do que cumprindo suas obrigações escolares.
Tal instrumento de comunicação age como multiplicador da passividade, atrofia a
criatividade não só das crianças, mas também dos jovens e adolescentes e até
mesmo das pessoas adultas. Num livro publicado por Arnaldo Bertrami, intitulado
Pense com a sua Cabeça, o referido autor afirma que devido a invasão nos lares
brasileiros por todos os veículos de comunicação, as famílias já não mais
pensam com a própria cabeça, mas com a cabeça dos outros. É interessante lermos
o que diz tal pensador com relação à postura da família frente à televisão. “A
família tem o direito de pensar, escolher, decidir e agir livremente. Isso quer
dizer que a família tem o direito de pensar com a própria cabeça. Daí a
importância da família estar sempre atenta e vigilante para não perder a
capacidade de pensar diante da televisão e do rádio. Continuando, diz o mesmo
autor, estas famílias precisam de mais informação, de uma visão de mundo
fundada na totalidade, com capacidade para pensar sobre as informações
veiculadas pelo rádio e televisão. A família não só será roubada pela televisão
e pelo rádio se tiver a segurança de seu senso crítico. Só com a consciência crítica,
ela não vai perder a capacidade de pensar pelo uso do rádio e da televisão”.
Em síntese, podemos
dizer que a televisão reflete o que interessa aos detentores dos meios de
produção, estejam eles no Estado ou na iniciativa privada. O epíteto de “ópio
do povo”, que Marx reservou à religião, poderá ser estendido aos demais
aparelhos ideológicos do Estado (família, igreja, escola etc.).
*RUBENS
DA SILVA CASTRO É PROFESSOR DA FACULDADE
DE EDUCAÇÃO DA UFAM
Meu querido Rubens da Silva Castro. Parabéns pelo Blog! Gostaria de solicitar que você acrescentasse meu nome como co-autor que fui em todos os textos que publicamos juntos no Jornal do Commercio, os quais se encontram registrados no meu Currículo Lattes, e que se encontram nesse Blogo somente com o seu nome. Caso você não lembre quais textos fizemos juntos, basta acessar o meu Currículo Lattes pois lá constam todos os textos, mas se por acaso tenho todos os exemplares do Jornal do Commercio. Solicito essa ratificação porque usei alguns de nossos artigos em publicações científicas, as quais foram questionadas pelo Comite Científico das Revistas como sendo PLÁGIO, tendo em vista os motivos supracitados.
ResponderExcluirUm abraço fraterno
Prof. Dr. Elizeu Vieira Moreira