domingo, 19 de janeiro de 2014

A TELEVISÃO COMO ÓPIO DO POVO




Em síntese, podemos dizer que a televisão reflete o que interessa aos detentores dos meios de produção, estejam eles no Estado ou na iniciativa privada. O epíteto de “ópio do povo”, que Marx reservou à religião, poderá ser estendido aos demais aparelhos ideológicos do Estado (família, igreja, escola etc.).
Por: Rubens Castro*                   
A televisão é, sem dúvida, o meio de comunicação mais importante e mais abrangente da sociedade atual. É considerada, por Louis Althusser, filosofo francês, como um dos aparelhos ideológicos do Estado, uma vez que é esse um dos instrumentos de comunicação que não só transmite a ideologia da classe que detém o poder político e econômico, mas também resiste às mudanças e contribui para a manutenção do status quo. O estudo desse veículo integra o conteúdo da disciplina Sociologia e ocupa lugar de relevo, que pode ser explicado pela influência, por ele exercido, acerca das transformações sociais, no sentido de retardá-las, acelerá-las ou desviá-las. Entendemos que uma das funções da televisão, se não é, deveria ser noticiar informações fidedignas e esclarecedoras sobre questões de interesse público. Mas não é isso que acontece. Ela atua em favor dos interesses políticos e econômicos, objetivando manter e acentuar as diferenças, reduzindo a força e o hábito do pensamento crítico, e concentrando-se nas questões triviais e sensacionalistas, que conduz as pessoas a uma fuga da realidade social.
No entendimento de Liana Deise Silva, a televisão exerce de forma particular violência simbólica: através de notícias de variedades, de sensacionalismo, sexo, sangue, drama e o crime, que fazem subir o índice de audiência. Ainda para a mesma autora, a televisão trabalha com fatos que na visão do autor são os fatos que interessam a todo mundo. Não causa polêmica, não envolve disputa, mas também não traz nada de importante. Esses motivos não permitem: reflexão, crítica, até porque, quando é colocado algo que tem algum ponto construtivo é cortado por assuntos de variedades ou ainda mais banais.
Infelizmente, neste País, a mídia está nas mãos de poucas pessoas. A concessão desses instrumentos de comunicação é dada pelo governo somente para aquelas pessoas “confiáveis” e que estejam dispostas a fazer o jogo do sistema. Nos países desenvolvidos, a televisão é controlada pelo Estado, havendo uma distribuição equilibrada de programas de alto nível cultural e outros de caráter mais popular, assumindo o Estado as funções de “empresário” desse meio de comunicação, tornando-o útil à cultura e à educação. Os amigos leitores hão de concordar com o autor deste artigo que os programas exibidos pelas emissoras de televisão, com raras exceções (TV Cultura), é uma afronta contra a moral da sociedade. São programas que não têm nada de educativo. É, na realidade, um festival de asneiras. A programação dos canais fechados também não contribui para elevar o nível cultural das massas. Pesquisas revelam que as crianças brasileiras estão assistindo mais televisão do que em outras nações desenvolvidas. Não temos dúvidas em afirmar que existe um número  expressivo de crianças que passam mais tempo na frente da TV do que cumprindo suas obrigações escolares. Tal instrumento de comunicação age como multiplicador da passividade, atrofia a criatividade não só das crianças, mas também dos jovens e adolescentes e até mesmo das pessoas adultas. Num livro publicado por Arnaldo Bertrami, intitulado Pense com a sua Cabeça, o referido autor afirma que devido a invasão nos lares brasileiros por todos os veículos de comunicação, as famílias já não mais pensam com a própria cabeça, mas com a cabeça dos outros. É interessante lermos o que diz tal pensador com relação à postura da família frente à televisão. “A família tem o direito de pensar, escolher, decidir e agir livremente. Isso quer dizer que a família tem o direito de pensar com a própria cabeça. Daí a importância da família estar sempre atenta e vigilante para não perder a capacidade de pensar diante da televisão e do rádio. Continuando, diz o mesmo autor, estas famílias precisam de mais informação, de uma visão de mundo fundada na totalidade, com capacidade para pensar sobre as informações veiculadas pelo rádio e televisão. A família não só será roubada pela televisão e pelo rádio se tiver a segurança de seu senso crítico. Só com a consciência crítica, ela não vai perder a capacidade de pensar pelo uso do rádio e da televisão”.
Em síntese, podemos dizer que a televisão reflete o que interessa aos detentores dos meios de produção, estejam eles no Estado ou na iniciativa privada. O epíteto de “ópio do povo”, que Marx reservou à religião, poderá ser estendido aos demais aparelhos ideológicos do Estado (família, igreja, escola etc.).

*RUBENS DA SILVA  CASTRO É PROFESSOR DA FACULDADE DE EDUCAÇÃO DA UFAM

Um comentário:

  1. Meu querido Rubens da Silva Castro. Parabéns pelo Blog! Gostaria de solicitar que você acrescentasse meu nome como co-autor que fui em todos os textos que publicamos juntos no Jornal do Commercio, os quais se encontram registrados no meu Currículo Lattes, e que se encontram nesse Blogo somente com o seu nome. Caso você não lembre quais textos fizemos juntos, basta acessar o meu Currículo Lattes pois lá constam todos os textos, mas se por acaso tenho todos os exemplares do Jornal do Commercio. Solicito essa ratificação porque usei alguns de nossos artigos em publicações científicas, as quais foram questionadas pelo Comite Científico das Revistas como sendo PLÁGIO, tendo em vista os motivos supracitados.

    Um abraço fraterno
    Prof. Dr. Elizeu Vieira Moreira

    ResponderExcluir