Celso dos Santos Vasconcelos: “A utilização do
livro didático deve passar por uma crítica que envolva escola e alunos”
Por: Rubens Castro – Professor Adjunto da
UFAM
Dessa
maneira, podemos dizer que o professor perde sua identidade, pois acredita nas
mensagens registradas nas cartilhas como suas e a principal função do professor
que não é só direcionar a práxis do processo de ensino aprendizagem se perde,
mas também perde a função de mediador da transmissão da herança cultural
construída através dos tempos.
Refletimos, neste
texto, sobre o livro didático, destacando o uso deste recurso didático, ainda
nos dias atuais, como principal instrumento de trabalho de professores e alunos
nas escolas de educação básica. O livro didático continua sendo o elemento norteador
da prática pedagógica da maioria dos docentes, passando a ser o elemento tido
como indispensável para o desenvolvimento das atividades didático-pedagógicas.
Quais os critérios utilizados para sua escolha? Capa com figuras ou
ilustrações? Adequação ao projeto político-pedagógico da escola? Atendimento às
orientações dos Parâmetros Curriculares Nacionais?
Celso dos Santos Vasconcelos, em Planejamento: projeto de
ensino-aprendizagem e projeto político-pedagógico afirma que a utilização do
livro didático deve passar por uma crítica que envolva escola e alunos, para
que possam ser adotados livros que contemplem questões de gênero, etnias,
classe social, multiculturalismo, culturas locais, dentre outros, empenhados em
desmitificar supostas verdades absolutas, que coincidentemente procuram
legitimar os valores e ideais de culturas hegemônicos, pois na opinião de Ana
Lúcia G. Faria, em Ideologia (ilusão, mentira) no livro didático, afirma que
este recurso pedagógico atua como difusor de preconceitos, através de
ideologias que carregam seus discursos.
Entendemos que o
livro didático deve ser, essencialmente, fonte de idéias. Não pode ser um
curso, mas sim um recurso. O apego exagerado a esse instrumento pedagógico faz
com que o docente seja tutelado da primeira a última página, isto é, não é o
professor que ministra aulas e sim o autor do livro didático. Com essas
assertivas não queremos negar a importância do livro didático desde que ele não
seja assumido como único recurso de apoio ou assumido acriticamente. Dizendo de
outra maneira: o problema não é apenas descartar o uso do livro em sala de
aula, mas concebê-lo como objeto do conhecimento no trabalho dos professores
por meio da dialogicidade, onde professor e aluno assumem o papel de sujeito
que atua sobre o objeto.
Refletimos,
juntamente com os colegas professores e os que pretendem atuar como docentes na
educação básica, que o livro didático não é, em si mesmo, um problema para a
realização de um trabalho crítico em sala de aula, ou seja, o livro didático
não é a condição sine qua non para o exercício ou não da função docente
crítica; o problema é o que está nos bastidores da escolha do livro didático. O
livro didático, na medida em que apresenta um conteúdo pronto para ser
transmitido ao aluno, despreza o papel formativo e criativo que o docente pode
assumir. Na concepção de Paulo Freire o papel do professor é muito mais
dinâmico. Pelas observações feitas, em sala de aula, durante o Estágio Supervisionado
realizado com os alunos do Curso de Pedagogia, disciplina obrigatória para os
alunos do curso de pedagogia, observamos que os professores não fogem do que
está escrito no livro didático. Seguem religiosamente as recomendações em
termos de exercícios e conteúdos consubstanciados no referido recurso
pedagógico.
Essas observações
nos fizeram chegar à seguinte síntese: cultuava-se na sala de aula uma das
práticas do senso comum mesmo que de maneira inconsciente por parte do
professor da turma, onde o que estava escrito era verdadeiro, inquestionável.
Dessa maneira, podemos dizer que o professor perde sua identidade, pois
acredita nas mensagens registradas nas cartilhas como suas e a principal função
do professor que não é só direcionar a práxis do processo de ensino
aprendizagem se perde, mas também perde a função de mediador da transmissão da
herança cultural construída através dos tempos. Para concluirmos, é bom lermos
o que Ana Lúcia G. Faria recomenda para a não adoção do livro didático “O livro
didático atua como difusor de preconceitos. O índio é visto como ‘selvagem’,
desconhecendo o ‘progresso’, nu e enfeitado com cocares; a mulher é valorizada
enquanto doméstica, ou bordadeira, costureira, babá. Igualmente o caboclo
brasileiro é desvalorizado, qualificado de ‘caipira’ pejorativamente. Isso
ocorre em muitos movimentos sindicais ou políticos onde o trabalhador comum,
por não conhecer o ‘jargão’ dos ‘chefes’, é visto como massa atrasada”.
Rubens
da Silva Castro
– Professor Adjunto da UFAM
Meu querido Rubens da Silva Castro. Parabéns pelo Blog! Gostaria de solicitar que você acrescentasse meu nome como co-autor que fui em todos os textos que publicamos juntos no Jornal do Commercio, os quais se encontram registrados no meu Currículo Lattes, e que se encontram nesse Blogo somente com o seu nome. Caso você não lembre quais textos fizemos juntos, basta acessar o meu Currículo Lattes pois lá constam todos os textos, mas se por acaso tenho todos os exemplares do Jornal do Commercio. Solicito essa ratificação porque usei alguns de nossos artigos em publicações científicas, as quais foram questionadas pelo Comite Científico das Revistas como sendo PLÁGIO, tendo em vista os motivos supracitados.
ResponderExcluirUm abraço fraterno
Prof. Dr. Elizeu Vieira Moreira